domingo, 3 de junho de 2012

Noite do sertão (Cynthia Cruttenden, 2009)




Tenho visto livros infantis bonitos, engraçados, curiosos, mas este posso dizer que é um livro que desperta a sensibilidade das crianças. É um livro artístico, feito com capricho e frases que despertam o encanto das crianças. Foi um livro que ajudou a minha filha a perder um pouco o medo do escuro e dos sons da natureza noturna.

Noite do Sertão consegue transformar imagens em poesia. É um livro que minha filha, com seus 4 anos decorou as frases e viaja apaixonadamente entre as figuras multicores. É um livro simples, começando pelo traçado, que brinca com a noite e com a liberdade do pensamento.

O Cavaleiro Andante
Minha filha, no dia que o recebeu, ganhou outros 2 livros, mas este foi o que causou maior impacto.  Foi o primeiro que pediu: mamãe, lê esse, por favor?! Ao terminar, ela pediu que repetisse. Disse eu: e os outros, filha? Gostei tanto desse Mami. Lê de novo?! De noite a gente lê o resto.

Quando o encomendei não conhecia o outro trabalho da autora, mas algo me dizia que era encantador. O título já tinha me seduzido e ao ver a capa pensei: vou arriscar! E deu certo. Não há adulto que não se maravilhe, ou criança que não se admire com as imagens que falam por si. O complemento fica por conta do texto muito bem escolhido para cada ilustração.



Aqui em Casa

Meus pais são ecologistas, moram em um sítio com um belo capoeirão, assim, nosso quintal é quase uma floresta, o que proporciona a minha filha e sobrinha uma relação muito especial e espontânea com o mundo verde. Percebo que quando lê esse livro, mata a saudade do lugar que tanto gosta, se tornou um instrumento que remete a casa do Vô Piol e da Vó Fátima (ou Fanfa, apelido que elas criaram pra minha mãe). Enfim, o contato visual com pássaros, saguis, cobras, borboletas, pequenos roedores, ouriços, besouros, abelhas, sapos, iguanas, coelhos selvagens, tatus, acontece com certa frequência e acabou sendo vinculado ao livro.  

O incrível pássaro sertanejo

Fora o texto, que Sabrina conhece tão bem, ela se diverte criando versões alternativas para a história. Os veados ela chama de "Bambis". A onça é "amiga onça". E quando vê a cobra, faz o barulho de uma cascavel e diz: "se eu te ver no sítio da minha vó , eu grito assim ó: Ahhhhhhhhhhhhhh! E saio correndo, porque você é perigosa. É eu sei que não é culpa sua... mas não quero papo com você! Tchau!". É muito lindo ver ela contando essas histórias pros bonecos, deitada de bruços, balançando as perninhas e falando cheia de propriedade: não precisa ter medo meus filhos, o sertão é dentro da gente! Ou inventando outra arte qualquer, típica da minha menina maluquinha. Eu não aguento essas criações mirabolantes dela, me acabo de rir.  Ela não tem idéia ainda do que realmente é sertão, mas fala de forma tão linda que não há como não se emocionar ou sorrir. 

A flor espetada
Considero este livro uma ótima aquisição, mas lembrando que é um livro diferente, que foge muito ao padrão que vemos de desenhos infantilizados e cheio de coisas fofinhas. É um livro visceral, cheio de referências enriquecedoras. Lindo tanto ao que diz respeito à ilustração, quanto ao conteúdo.

Abaixo um link onde a autora ensina passo-a-passo a fazer com as crianças esse tipo de desenho aplicando a técnica do giz de cera e nanquim:
Clique Aqui!

4 comentários:

  1. Oi amiga que massa!
    Não conhecia seu blog, nós que temos filhos nessa faixa etária, nos divertimos muito com suas fantasias.
    Obrigado pela dica!
    Beijos

    Rey

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    1. Ô Rey, que bom que curtiu. Temos que marcar um dia pras pimpolindas se conhecerem. Um abraço!

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  2. Escolho um livro primeiro pela arte.

    E odeio essa arte meio abstrata.

    Ass: Eu

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Tenho uma péssima notícia: nós escolhemos alguns livros por eles, você tem um conceito estético mas suas filhas terão cada uma o seu. Arte e beleza são pontos de vista pessoais. Esse livro não tem nada de abstrato. Ele tem um traço simples e rústico. É belo e visceral. Quando nos vermos me lembre de mostrá-lo. Fala da vida no sertão. Para mim, passa aquela sensação de silêncio humano mas ouvidos atentos aos sons da natureza.

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